Eu não sei o que fazer. Talvez esta seja uma maneira estranha de começar, não será ? Bem, eu não sei mesmo o que fazer. Acho que nunca soube realmente, toda a minha vida se resumiu a tentar passar pelos problemas sem ficarem verdadeiramente resolvidos. E agora a realidade atingiu-me. Foi como se uma avalanche de questões me tivesse caído em cima.
Acho que me voltei a fechar, voltei a ser quem era, um pouco fria e insegura. Eu não sei o que aconteceu, nem o porquê disso, mas sei que não sei o que fazer, nem como o fazer, para voltar ao normal, para conseguir estar bem, outra vez.
Eu nem sei como estou, alias, eu acho que não estou, se quer. Eu vou estando, uns dias por aqui, outros por ali, enquanto tento redescobrir a minha personalidade. Acho que me doí um pouquinho o coração, ás vezes, ou então a alma, não sei, talvez seja alguma parte de mim que ainda está por descobrir. Por vezes é como se  estivesse a ser torturada, por dentro. Como se, de repente, a garganta começasse a secar e os meus olhos se enchessem de lágrimas, simultaneamente. Mas isso não acontece. Acho que não me sinto segura e capaz de mostrar os meus sentidos, talvez porque eu não seja digna de os ver e de os abandonar.
Quando uma pessoa chora é como se a alma se separá-se do corpo, por vezes isso dá-nos uma angustia tão grande, estúpido eu sei, então uma coisa incrível acontece, quando toda essa angustia acaba, tudo volta ao normal, por vezes até melhor que isso. No entanto, eu não consigo chorar, quando é só isso que me apetece fazer, à noite quando chego a casa depois das aulas. Mas não, engulo o choro e vou estudar, acto continuo. Talvez esteja só a virar as costas àquilo que sinto, com o intuito que não seja real.